Esta tem sido uma pergunta recorrente de nossos clientes: “O que eu, como gerente, devo fazer ao caminhar pela fábrica?”. Esta pergunta é bem interessante, pois o gerente tem como uma de suas responsabilidades dar suporte à operação.
Antes de começar, é necessário que a empresa tenha um sistema de gestão estabelecido. Se isso não existir, o gerente vai visitar uma operação em caos, ou seja, ele não tem condições de identificar qual é o problema que as equipes estão enfrentando. Assim, a caminhada fica sem propósito.
Para quem está começando, o que recomendamos é primeiro implementar os quadros de gestão nas áreas, quadros hora a hora ou com indicadores diários de desempenho, pois assim é possível saber em uma caminhada se a produção está adiantada ou atrasada em relação ao planejado ou se algum indicador não foi alcançado no dia anterior (quadro de gestão diária).
Com os quadros instalados, os líderes da produção devem preencher o desempenho horário e os problemas que enfrentaram quando não atingem a meta. Nas reuniões diárias, também conhecidas como reuniões de gerenciamento diário, os problemas são discutidos e direcionados para os responsáveis.
Outro ponto-chave é a criação do trabalho padronizado do gerente, em que ele deve estabelecer na sua agenda a rotina de visita ao gemba, que pode ser diária (em cada dia, ele pode visitar uma área diferente para plantas maiores).
Uma vez estabelecida a rotina na agenda, o gerente deve fazer a caminhada pelo gemba observando o que está reportado nos quadros e fazendo perguntas para estimular que os colaboradores cheguem à causa raiz; ele não deve dar respostas, e sim estimular o aprendizado das pessoas e oferecer o apoio necessário. Entre as perguntas, podemos elencar algumas:
1 – Como isso aconteceu?
2 – Qual é a causa raiz deste problema? Que contramedidas vocês tomaram?
3 – O que podemos fazer para que este problema não aconteça novamente?
4 – O que aprendemos com este problema?
Além dos quadros, é importante que o gerente identifique desperdícios na sua caminhada, ou seja, deve reservar algum tempo para enxergar desperdícios que as pessoas às vezes não enxergam como desperdício no seu dia a dia e desafiar as pessoas a enfrentarem este desperdício e buscar as causas para eliminá-las.
Caso a empresa já tenha os 5S implementados, o gerente também tem que verificar se os padrões estão sendo seguidos, o que é fácil de verificar se as marcações visuais estiverem implementadas.
Outro fator importante é o desenvolvimento das pessoas: o gerente deve ter um tempo no gemba para desenvolver sua liderança individualmente, lançando desafios e apoiando o líder na sua caminhada de aprendizagem. Um bom modelo é utilizar o processo A3 para que o líder possa seguir na aplicação do PDCA em um problema que traga aprendizado e desenvolvimento.
Sua caminhada pelo gemba deve servir para:
1 – Verificar o andamento da produção e identificar problemas.
2 – Fazer perguntas para desenvolver as pessoas na análise de causa raiz.
3 – Identificar desperdícios na produção e estimular sua eliminação.
4 – Desenvolver a liderança através do processo A3.
5 – Verificar os padrões dos 5S.
Estes são os passos básicos para uma caminhada pelo gemba, e existe uma ferramenta que pode ajudar muito, o Kamishibai, mas ele é tema para outro artigo.
Espero que você consiga evoluir na sua caminhada pelo gemba, pois ela é a base para a sustentabilidade da transformação lean.
Alexandre Cardoso
CEO da 2BLEAN