Dando sequência à nossa série de artigos sobre Sistema Puxado (se você não leu o anterior, veja o link: Por que as empresas não aplicam o Sistema Puxado?). vamos explicar, neste artigo, as principais diferenças entre o Sistema Puxado e o Sistema Empurrado.
Antes de iniciar, uma breve apresentação sobre modelos de planejamento:
Figura 1: Diferença entre os modelos de planejamento
A figura acima mostra a classificação dos modelos de planejamento, ordenados de cima para baixo, pela melhor relação estoque x custo de armazenagem e distribuição. Para todos modelos, consideramos a premissa de que há capacidade produtiva para atendimento da demanda.
1º – Produção para pedidos (ou make-to-order): é um modelo utilizado em empresas que produzem para atender especificamente cada pedido dos seus clientes; a compra dos insumos e a produção são iniciadas quando o pedido do cliente é recebido. É o melhor modelo, porque não há estoque de insumos / semi acabado / produto acabado, e a produção segue uma sequência de pedidos. Contudo, é necessário que o lead time de produção (incluindo a compra dos insumos) seja menor que o lead time do cliente; por esse motivo, é normalmente usado para bens de consumo duráveis, produtos / materiais de alto valor agregado – por exemplo, equipamentos, veículos, barcos etc., em que o cliente pode esperar um determinado tempo para receber o seu produto.
2º – Embalar para pedidos: é uma variação do 1º modelo, ou seja, quando não é possível atender o lead time do cliente, cria-se um estoque de semi-acabado, que é embalado conforme a necessidade do cliente (e somente após o recebimento do pedido). Contudo, é necessário que o lead time de embalagem seja menor que o lead time do cliente; por esse motivo, este modelo é normalmente utilizado em empresas que têm uma necessidade de personalizar o seu produto para cada cliente, que normalmente não quer esperar muito tempo para receber o produto – por exemplo, notebooks, tintas residenciais, materiais gráficos etc.
Para empresas de bens de consumo de valor mais baixo, em que normalmente o cliente pede vários itens com o lead time relativamente pequeno – por exemplo, produtos de higiene e limpeza, alimentícios etc. –, os dois primeiros modelos não são aplicáveis (as restrições não são atendidas); assim, temos as duas outras opções: 3º – Sistema Puxado e 4º – Sistema Empurrado, cujas principais diferenças são descritas na figura abaixo:
Figura 2: Comparação entre o Sistema Empurrado e o Sistema Puxado
Analisando cada uma das características da figura acima, podemos concluir que o modelo de planejamento Sistema Puxado é o que entrega um menor nível de inventário e um melhor custo de armazenagem e distribuição. Isso ocorre porque ele se baseia no consumo real do cliente, eliminando o excesso proveniente do erro da previsão (que normalmente gira em torno de 20%) e tornando mais evidente a necessidade de adequar os lotes de produção à demanda do cliente com períodos mais frequentes de programação. Além disso, o Sistema Puxado conecta todos os processos, eliminando as “ilhas isoladas”, que são processos que trabalham independentes dos demais, uma característica da programação tradicional.
A definição dos níveis estoques do “supermercado” – cujo nome é originado do conceito de reposição das gôndolas dos supermercados – é o estoque controlado (tem limites) e dimensionado para atender as necessidades do cliente. Com a sua aplicação, vários desperdícios são reduzidos, como estoque em excesso, movimentos e transportes desnecessários e superprodução (produção além da necessidade do cliente, o que utiliza recursos e aumenta os custos de produção), tornando o Sistema Puxado o modelo que promove as melhorias dos processos, sendo essencial para a implementação da cultura lean.
Se você que é um profissional de PCP, está se identificando com algumas das características citadas e está disposto a realizar uma transformação em seus processos e melhorar os resultados de sua empresa, fique atento aos próximos artigos, nos quais vamos falar sobre cada uma das fases de implementação do Sistema Puxado.
Walter Cruz
Consultor da 2blean