Como implementar o Sistema Puxado?

Postado em 06/03/2022

Após a leitura dos últimos artigos sobre Sistema Puxado (se você não leu, acesse Quais os benefícios de usar o Sistema Puxado?, podemos considerar que a melhor definição do Sistema Puxado é…

“Um modelo de planejamento baseado na reposição de estoques que conecta todas as fases do processo e no qual a produção só inicia quando a demanda ocorre de fato. O cliente emite o pedido, e a partir desse sinal, cada processo ‘puxa’ as unidades de um estoque mínimo necessário (supermercado), que garante o nível de serviço desejado pelo processo cliente. O processo fornecedor é responsável por repor a quantidade solicitada dentro da frequência estabelecida”.

Sinais e regras claramente definidos

Sabemos que existe uma certa tendência a implementar o Sistema Puxado de uma vez, normalmente provocada pelo desejo de entregar resultados rapidamente. Em contrapartida, em muitas empresas, os processos produtivos são complexos e estão totalmente desconectados; por isso, nossa recomendação é que, nesses casos, a implementação seja feita por partes, ou “loops”.

Primeiro loop: Ponto de uso e semi-acabados

Recomendamos esse “loop” para iniciar a implementação do Sistema Puxado por ser o mais simples e por acontecer dentro da fábrica, onde normalmente já existem algumas iniciativas de melhoria de processos, como estabilidade básica e redução do tempo de troca. Reforçamos a premissa de que o estoque só deve existir quando o “fluxo contínuo” não for possível.

Supermercado no ponto de uso

Além de ser o início da implementação do Sistema Puxado, a introdução de supermercados nos pontos de uso normalmente acontece junto com melhorias no processo de manufatura ou embalagem, quando se realiza um trabalho padronizado ou um projeto de célula de manufatura em que se quer estabelecer um padrão de estoque para o operador para minimizar seus movimentos e as tarefas que não agregam valor. Para garantir esse padrão, normalmente é implementada uma rota com uma frequência padrão de abastecimento. Aqui será necessário o envolvimento de pessoas de logística e da produção, mas é fundamental a participação de pessoas de planejamento como integrantes da equipe, para suportar o cálculo e implementação do supermercado e trazer para a equipe a visão sistêmica da importância dessa implementação, dentro do contexto do Sistema Puxado.

Supermercado de semi-acabado

A implementação de supermercados de semi-acabados é a primeira ação de conexão dos processos de fabricação e embalagem (ou 2+ processos de fabricação) e trará maior autonomia para os operadores de produção tomarem a decisão do que e quando produzir apenas baseados em sinais, também conhecidos como “kanbans”. A área de planejamento será a responsável por suportar o cálculo do supermercado, monitorar o processo através do gerenciamento do nível dos estoques (supermercados) e por garantir o cumprimento das regras dos kanbans.

Para a implementação dos dois casos acima, os passos são os seguintes:

Definir o grupo de participantes (processo cliente, processo fornecedor e planejamento)
Entender como são os processos fornecedor e cliente e levantar as seguintes informações:

Consumo médio do processo cliente (diário ou horário, dependendo da frequência de abastecimento).
Frequência ótima de abastecimento (ou um tempo máximo de fila, quando não existe uma sequência pré-determinada).
Lead time desde a identificação da necessidade de reposição até a disponibilidade para o processo cliente.
Possíveis atrasos ou ineficiências do processo fornecedor.
Lote de abastecimento (quantidade mínima a ser movimentada ou produzida) – considerar a maior quantidade.

Dimensionar o supermercado:

Faixa amarela: média de consumo x (lead time do processo + frequência ou fila).
Faixa vermelha: valor máximo de consumo – média consumo.
Faixa verde: quantidade mínima a ser movimentada ou produzida – faixa amarela (se menor que zero, considerar zero).