Ao caminhar pelas empresas, tenho observado que as estruturas de trabalho são muito mal organizadas; é comum ver um líder de equipe tendo de 70 a 80 pessoas para liderar, o que torna impossível qualquer tipo de liderança e relacionamento (não são raros também casos de supervisores que lideram ainda mais pessoas).
Como você pode querer que uma pessoa lidere uma equipe desse tamanho com eficiência? Essa situação é mais comum do que parece, então decidi falar sobre como a Toyota organiza suas equipes para obter um maior desempenho.
A estrutura dela sempre é desenhada de forma invertida à convencional: normalmente, os operadores ficam na parte de cima, e abaixo deles fica toda a estrutura de apoio – o líder de equipe, que suporta os operadores, o líder de grupo, que suporta os líderes de equipe, os gerentes de área, que suportam os líderes de grupo, e os gerentes de planta, que suportam os gerentes de área; é uma rede de apoio ao operador, que é quem, no final, agrega valor para o cliente.
Figura: Estrutura de times da Toyota
Na Toyota, existe uma função que não existe em outras organizações: o líder de time. Essa pessoa não é um líder formal com salário diferenciado; normalmente, é uma pessoa com mais experiência, que conhece bem os postos de trabalho, apoia as equipes na hora que alguém precisa ser substituído, atualiza e elabora os trabalhos padronizados, treina toda a equipe, apoia os times nas análises e solução de problemas e lidera de 5 a 7 pessoas da área de trabalho.
Abaixo do líder de time está o líder de grupo, que tem de 5 a 7 líderes de time, ou seja, de 25 a 49 pessoas no total, um número bem menor que o tradicional. A função do líder de grupo é apoiar a equipe nas questões de solução de problemas, acompanhar a operação quanto à realização do trabalho padronizado, ao acompanhamento da qualidade, à avaliação da condição dos 5s, ao processamento das melhorias indicadas pelas pessoas da equipe, entre outras. Nesse caso, o líder de grupo tem uma remuneração diferenciada (similar a um líder de equipe tradicional) e é uma pessoa conhecedora dos postos de trabalho, mas também sabe lidar com as questões humanas do relacionamento da equipe.
Abaixo do líder de grupo está o gerente de área. Conhecido tradicionalmente como supervisor, essa função tem como objetivo realizar o gerenciamento da área, liderar as equipes, estabelecer as metas e fornecer recursos para que as equipes possam aplicar as melhorias no local de trabalho; assim, ele é responsável pelo desempenho e por conduzir as reuniões de gestão.
Vale ressaltar que essa estrutura cria uma rede de conexão muito forte, em que os líderes conhecem sua equipe e podem dar o suporte necessário para ter um melhor desempenho. É com base nessa estrutura que se realizam kaizens diariamente, ou seja, faz parte do dia a dia das pessoas fazer melhorias.
O ponto-chave da estrutura é o líder de time, que é uma função que dá o suporte direto para a equipe. Vale ressaltar que esse líder fica fora da linha de produção, apesar de ser uma mão de obra direta; quando falamos isso, a maioria dos gestores acha um absurdo ter uma pessoa a mais para essa função, mas o que eles não percebem é que ter essa pessoa focada em melhoria junto à equipe acaba gerando um resultado muito maior do que se ela fosse meramente uma pessoa a mais na linha! O grande desafio é os gerentes enxergarem que isso é uma vantagem competitiva, que pode aumentar a produtividade da equipe e a competitividade da empresa.
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